sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vai pro livro :Who You Are


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EUA ' Los Angeles' 7:40 da noite

Ela suspirou. A sala estava em completo silêncio. Só existia uma garota e sua, muito produzida, imagem refletida em um espelho redondo a sua frente. A luzes que piscavam na parede, as suas costas, deixavam sua expressão sombria.
   O celular em cima da penteadeira indicava vinte para as oito. Revirou os olhos, entediada. Apoio a cabeça na mão esqueda, a outra mão, de unhas muito bem feitas e muito rosas para o seu gosto, brincava com um dos muitos pincéis de maquiagem a sua frente. O celular vibrou, mas a garota nem se mexeu. Estava cansada das vozes dizendo a ela o que deveria fazer.

Um dia antes

Era  aniversário de uma amiga e ela corria entre os carros para chegar a tempo. Todos os sinais estavam fechados . "Droga" exclamou, bozinando o máximo possível para saissem do seu caminho.

" A garota pontual chegou " uma voz de homem berrou de dentro da casinha de janelas azuis, quando ela abraçou a amiga aniversariante " Me desculpe o atraso Laura" sussurrou.
Laura olhou-a nos olhos.
" Tá tudo bem com voce, Bel ?"
"Uhum" respondeu, acenando a cabeça. Não gostava de preocupar os amigos com os problemas de sua carreira artística.
" To preocupada com você, menina." Laura pegou um dos cachos do cabelo da amiga, que riu.
"Mas eu tô ótima. Vamo, vamo que o trânsito me deu fome"
Dez braços a abraçaram de uma vez quando entrou na sala.Sua respiração não estava mais acelerada, ela nem se lembrava das pílulas dentro da bolsa. O cheiro de pão de queijo no forno da cozinha. O álcool em cima da mesa e aquela mistura de perfumes de flores e madeira. Isabel estava em casa. Ninguém iria lhe pedir autógrafos, nem competir por atenção com ela, ou reparar em seus cabelos desgrenhados.

20 horas antes

"Cadê você, Isabel ?" Resolvera atender o telefone depois de tê-lo deixado tocando por dez minutos no banco do passageiro, mas já tinha se arrependido.
"Tô no carro, não posso falar agora" mas antes que conseguisse desligar a voz gritou " Você precisa vim pra cá" sua cabeça girava com a bebida .
" E nós temos um problema" a voz suspirou, parecia impaciente " Ou você vem agora, Isabel, ou nao tem perfume da senhorita nenhum amanhã" e desligou.
A garota ficou olhando a rua molhada a sua frente. Já estava cansada de tanta gente a incomodando com assuntos que não eram da sua conta. E daí que o vestido tinha rasgado, o esmalte saído e o sapato precisasse ser limpo. Era atriz e não estilista.
O carro de trás buzinou e ela virou a esquina. O dia mau tinha começa, mas era como lhe diziam " Foi você quem escolheu viver o trabalho".

12 horas antes

"Milhões de pessoas gritavam do lado de fora enquanto o carro preto passava pelas ruas de NOva Iorque. Mas Isabel não estava olhando pela janela. Tinha acordado cedo demais para pegar  o avião e mau tinha tido tempo de almoçar enquanto três pessoas penteavam seus cabelos, pintavam seu rosto e vestiam-na com um pano azul claro, que na sua opiniãoo deixavam-a com cara de doente.
"Como tá em NY? dizia a SMS do amigo.
"NY ? Isso aqui tá mais pra manicômio." ela digitou rindo.
O carro parou. "Cinco minutos" a agente gritara do banco da frente.
A garota revirou os olhos de digitou " Preciso ir."
"Boa sorte."
Então, ela estava sozinha. Uma vontade desesperadora de fungir tomou conta dela, mas sua porta já tinha sido aberta; e uma mao se estendia na sua direção. Muita gente gritava quando saiu do carro. Muitos flashes, muitos microfones, muitos cartazes, muita luz, muita gente, muito flashe, muitas perguntas, muito barulho, muita gente ..... Sentia-se zonza e seu estômago doía. "Você quem escolheu viver o trabalho" a frase se repetia enquanto passava pelo tapete laranja, fazendo ela esquecer o que precisava falar.
"Sorria Isabel" uma voz susurrou e ela o fez, sem pensar. E acenou e fez pose e deu entrevistas e assinou. Na sua imaginação estava comendo o bolo de chocolate da mãe. Talvez ela devesse se aposentar esse ano. Talvez ela estivesse cansada de mais de ser obrigada a sorrir o tempo todo.

Los Angeles, 7:50 da noite

"Nova mensagem" seu celular piscava do seu lado. " MInha irmã acabou de comprar seu perfume" ela leu. Nao pôde conter um sorriso. A amiga deveria estar em casa agora, se preparando para uma noite de pizza.
"Que coisa mais estranha" digitou.
"Eu disse para ela que não valia a pena" Isabel riu com a resposta da amiga. Não andava rindo com frequência.
"Vem Isabel, tá na hora" uma mulher com um fone na cabeça e um caderno na mão surgiu na porta.
Milhões de pensamentos vinham a tona enquanto percorria os corredores do estúdio. "A propaganda para a Elséve que tinha feito ao lado de seu ídolo. O show num bar restaurante com os amigos na cidade onde nasceu. A prova da faculdade para a qual tinha que estudar mais tarde. A briga final com o ex namorado. Ela e o melhor amigo fazendo graça para a câmera, no seu jantar de despedida 3 meses atrás e como sentia falta da visão ao vivo daqueles cachos negros."
Ela deveria dizer que não faria mais filmes. Poderia se tornar política ou abrir um restaurante. Talvez devesse fazeer daquela, sua última entrevista. " A casa dos pais do outro lado do continente, e o aniversário de dois anos da prima" Seus olhos se encheram de esperança e brilharam com a possibilidade.

 " ISABEL, a maior atriz da nova geração" podia ouvir a fala forte da apresentadora e os gritos da platéia do outro lado da parede .
" Estava em um set de filmagens vestida como uma garota dos anos 80. Seus colegas de cena fazia graça no meio do salao e uma enorme bola de discoteca brilhava no teto. Recebia instruções do diretor. Alguém colocou a mão em seu ombro e lhe disse o quanto estava em sua melhor forma na atuação. "
"Tá tudo bem Bel?" a agente  tinha uma expressão preocupada no rosto. Isabel sorriu.Ela podia ver a platéia do outro lado da cortina entreaberta.
" Sua vez" um moço acenou com a cabeça para que entrasse.
O coração acelerado e as pernas trêmulas, de repente, pararam. Estava finalmente, na frente da platéia. A apresentadora lhe sorria com uma mão esticada na sua direção.

Talvez nao fosse a hora de se mudar para uma kinet e abrir um restaurante no centro de Londres. O medo de ser esquecida, a possibilidade de nãoo poder viver tantas vidas, a invadiram. Talvez esse nao fosse o momento para desistir de tudo. Nãoo.. não, os problemas seriam resolvidos, as férias estavam chegando.

Então, Isabel vestiu seu melhor sorriso e acenou para os fãs, pensando que talvez, mas só talvez, pudesse tentar se despedir no futuro.

6 comentários:

  1. Adorei conhecer seu blog
    Perfeito
    Escreve muito bem
    Te seguindo
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias
    livroterapias.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Oi, muuuito obrigada :) As coisas andam meio bagunçadas por aqui mas essa semana eu volto com muita coisa nova no blog, hehe
      bjs

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  2. Gostei da historia! Vai ter continuação?
    Só precisa de uma revisão, mas tirando isso, gostei muito!

    Bjokas
    Flavia - Livros e Chocolate

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    Respostas
    1. Oi Flávio, me perdoa eu to com sérios problemas com meu computador e pra piorar fiquei sem internet, mas o proximo texto vai vim certinho pode ter certeza.
      Muito obrigada, bjs

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  3. Eu gostei muito desse conto, apesar de ser grandinho, hehe, mas foi legal retratar esse lado do cinema. Voce pretende ir para esse lado ?
    beijos
    Natália

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  4. Aharrasou Amanda HAHAHAHAHAHA quero ler mais dessa história (:

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