Como se dar mau no fim de ano

Invejo as pessoas que começaram o ano com o pé direito. Não, porque, eu entrei em 2014 com o pé esquerdo enfiado na jaca ( nossa que expressão mais da roça, sim gente, sou da roça).Eu idealizo o futuro, não faço lista de "coisas para fazer em 2014" porque isso é muito trash, mas eu tenho lá meu lado místico que acredita que por mais que a vida esteja ruim, vai ficar tudo bem uma hora, não importa como, se vem de carruagem, numa vassoura de bruxa, pó de pirlim pim pim, a felicidade sempre vem. O problema de ser assim é que quando a realidade chega antes da felicidade, você cai de cara, coração e alma no chão. E dói. E dói.

Eu tinha um daqueles celulares antigos, sem cor, sem touch screen e que só tocava rádio FM. Eu me dava bem com ele, só que eu queria um melhor, queria estar nas redes sociais e tals. Ganhei um no começo de dezembro-na promoção, divido em doze vezes com muito orgulho- faltando cinco minutos para 2014 ele caiu no chão e rachou a tela no meio. Tá, é só um celular, tem concerto, pense nas crianças famintas da África e bla bla bla, mas aquela tela quebrada tinha uma simbologia maior do que o imaginado. O ano começaria com um celular quebrado e minhas lágrimas de raiva porque eu deveria ter tomado mais cuidado.Sem contar que era mais um pra minha lista de dívidas monetárias.

Podem me chamar de louca, lunática, aberração ou qualquer coisa do tipo, mas aquele desastre com o celular desencadeou uma série de desastres infinitos na minha vida. Não passei no vestibular, não passei na prova de rua da auto escola. Meus amigos estão se mudando pra longe, de novo. E eu terei que dividir um quarto com mais duas desconhecidas no centro de São Paulo. Não vou morrer nem nada, mas é uma baita de uma encheção de saco, todas essas novidades não-muito-bem-vindas juntas. 

Não dá para deixar de pensar que se o ano começou assim, meu pai, imagina na Copa. Agora, meu pensamento positivo não está funcionando. E eu tenho certeza que Deus está de zueira com a minha cara. Não gente, não tem nada a ver com celular, ou casa. Tem a ver com tentar e tentar e tentar e não conseguir nada. É quase um carma. De tanto eu rir dos outros o carma resolveu que era a vez deles rirem de mim. 

Quando deu meia noite do dia 31 de Dezembro de 2013 e os fogos de artifício começaram a colorir o céu, meu tio me abraçou e me disse " Não se preocupa não Mandi, quem começa o ano chorando, termina sorrindo." É tio, espero que o carma te escute.